sábado, 18 de maio de 2013

Jabuticaba

Myrciaria cauliflora

A mais brasileira das frutas tem aparência de durona. Puro disfarce. Um apertão... e ploct. A jabuticaba explode e expele sem resistência sua polpa doce e esbranquiçada. Bom mesmo é comer arrancando direto do pé, escolhendo as mais graúdas. Ou de baciada, uma atrás da outra.

Nativas do Brasil as jabuticabeiras são árvores que podem ser encontradas em quase todo o país, sobretudo em Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná.
Árvore geralmente alta (até 8 metros), ramos com casca. Arvore de crescimento lento.
Suas folhas são pequenas e simples, opostas, glabras, brilhantes, lanceoladas, medem de 3 a 5 cm de comprimento por 1 a 2 cm de largura, vermelhas quando jovens, verdes posteriormente.
Flores pequenas, brancas e bem vistosas, que surgem directamente nos troncos, ramos e até raízes descobertas. Floresce duas vezes por ano.
O período entre a floração e a maturação da fruta compreende cerca de quarenta dias. Frutos tipo bagas globosas de até 3 cm de diâmetro, arredondados de cor roxa escura, quase preta. Polpa esbranquiçada, doce, comestível, saborosa com uma a quatro sementes.
A jabuticaba é utilizada para vários fins, tanto culinários, como medicinais. Entre estes é mencionada a decocção da casca, como remédio para a asma. Por sua semelhança à uva, muitos produtos, como o vinho, suco, geléia, licor e vinagre podem ser feitos com a jabuticaba.
Fructificação no final do inverno e primavera.
O fruto amadurece em cerca de 3 semanas após o florescimento e até 5 colheitas podem ser feitas por ano, em condições ideais de clima e cultivo.

© Hervé Thery

Da família das mirtáceas - a mesma da pitanga -, a jabuticaba é uma fruta exclusivamente brasileira, típica da Mata Atlântica. Apesar de haver cerca de 15 variedades da fruta, pouca gente distingue bem uma da outra. É que a única jabuticaba amplamente comercializada é uma espécie chamada sabará (Myrciaria jaboticaba), considerada a mais doce. A paulista (Myrciaria cauliflora), maior e mais azedinha, também pode ser encontrada.
Um tipo raro e incomum bastante cultuado no universo jabuticabeiro é a branca (Myrciaria aureana), que, diferentemente de todas as outras, é verde. As variedades restantes? Só procurando de pomar em pomar.
Fruto difícil de encontrar nos mercados, pois como dizia Carlos Drummond de Andrade, "jabuticaba se chupa no pé".
Em Minas Gerais era comum o hábito de alugar um "pé de jabuticaba" : o inquilino tinha o direito de passar ali o dia inteiro chupando as frutas, as doces "pretinhas", até o quando pudese aguentar...
Quem nunca provou um "beijo de jabuticaba" roubado do pé carregadinho, que se apresse, pois a safra, mesmo abundante, dura pouco.
O tamanho, a robustez e a longevidade alcançada pela jabuticabeira sugerem frutos de natureza mais resistente, duráveis e até maiores.

Mas a verdade é que a jabuticaba é uma fruta que não gosta de sair de casa, seja deste lado ou do lado de lá do mundo. Estoura à mínima pressão e começa a fermentar no mesmo dia da colheita. Além disso, é uma planta sem pressa, descansada, que demora mais de uma década para dar os primeiros frutos - daí a grande quantidade de jabuticabeiras híbridas ou "produzindo" à venda.
E, quando finalmente dá fruta, é arrebatadora: "Não acredito, a jabuticabeira aqui de casa deu fruto pela primeira vez! Ia fotografar, mas comi o potinho inteiro, antes. Doces! Demorou uns 15 anos para se manifestar", escreveu recentemente a escritora Nina Horta em seu blog. A mesma Nina tentou adivinhar o deslumbre de Paul Bocuse frente à fruta, em capítulo de Não É Sopa, com a citação: "La jabuticaba n’est pas pour le bec de tout le monde. Extraordinaire..." ("jabuticaba não é para o bico de todo mundo. Extraordinária").
A fruta povoa também um capítulo inteiro de Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato. É lembrada por Guimarães Rosa em Primeiras Estórias e homenageada por Bebel Gilberto ("If I could name a fruit for you it would be jabuticaba") e Gilberto Gil ("É o Grande Sertão: Veredas, Reino da Jabuticaba").
       

        

                                                                "Atrás do grupo-escolar ficam as jabuticabeiras.
Estudar, a gente estuda. Mas depois,
ei pessoal: furtar jabuticaba.
Jabuticaba chupa-se no pé.
O furto exaure-se no ato de furtar
Consciência mais leve do que asa
ao descer,
volto de mãos vazias para casa."
Menino AntigoCarlos Drummond de Andrade



Com ou sem caroço?
Não tem certo e errado, mas "jabuticaholics" juram que é melhor cuspir. Por três motivos: se você engole o caroço de uma vez, não ‘curte’ a polpa que o envolve - e a ideia é que antes de cuspir você o chupe. Se engolir direto, perderá a chance de mordiscá-lo e sentir o sabor azedinho. Por último, o caroço causa prisão de ventre.
Jabuticaba de beber
A casca tem um leve amargor, a polpa é extremamente doce; e o caroço, azedinho. Por unir em uma só fruta qualidades tão distintas, a jabuticaba é ótima para ser "engarrafada". Além do bom sabor, as bebidas com jabuticaba saem na frente em relação aos pratos no quesito durabilidade - você consegue manter a jabuticaba o ano todo na despensa. Prova da versatilidade da fruta é a galeria com as bebidas ao lado. Uma caipirinha para abrir o apetite, um licor ou um "vinho do porto" para fechar a refeição, o frisante para acompanhar o prato principal ou uma cerveja com petiscos? É só escolher.
Caipirinha
Refrescante como toda caipirinha, tem a vantagem de ser feita com uma fruta muito doce, que ‘quebra’ o álcool da cachaça envelhecida Jacuba de Ouro (MG). É servida no Mocotó (Av. Nossa Senhora do Loreto, 1.100, 2951-3056)
Licor
Para quem gosta de terminar as refeições com um sabor doce. Leva jabuticaba, açúcar e cachaça. Andrea Kaufmann, do AK (R. Fradique Cotuinho, 1.240, 3231-4496), tem uma versão com vodca que lembra uma batida
Vinho 'do porto' e frisante
O 'porto' é ácido e agradável, com boa presença de jabuticaba. Menos doce que o licor. Já o cheiro do frisante lembrou lata de sardinha; agradou menos. Empório do Abade (Av. Brig. Luís Antônio, 2.013)
Cerveja
A mineira Falke Vivre Pour Vivre nasceu de um lote de tripel Monasterium que sofrera ação láctica. Adicionou-se suco de jabuticaba. Resultado: notas da fruta e boa acidez. Alto dos Pinheiros. R. Vupabussu, 305.


Geléia de Jabuticaba

Ingredientes: 500 g de jabuticaba, 1/2 l de água, 500 g de açúcar, 3 colheres (sopa) suco de limão
Modo de Preparo: Lave as frutas, amasse-as um pouco e leve ao fogo com água. Cozinhe 20 minutos em fogo baixo. Passe por peneira fina, retirando o bagaço.
Acrescente o açúcar ao líquido, mexendo bem. Junte o suco de limão. Leve ao fogo alto. Cozinhe até o ponto de geléia, sem mexer para não açucarar, apenas retirando a espuma rósea que se forma na superfície e pronto.


FONTE;http://www.arara.fr/BBJABUTICABA.html

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